Artigos / Luiz Carlos Bordin

13/03/2020 - 11:30

O jogo das siglas partidárias em Mato Grosso

Os poderosos da política de Mato Grosso montaram uma verdadeira estrutura de dominação partidária para comandar as eleições em todos os municípios. Geralmente são fazendeiros, empresários, pecuaristas, produtores de soja, médicos, etc., residentes na capital ou no nortão do Estado.

Não é à toa que presenciamos o descaso político e financeiro que desestrutura toda a região Oeste e Sudoeste, na região de fronteira seca com a Bolívia. O povo sofre com a falta de estruturas rodoviárias, escolas, hospitais, agricultura, pecuária, ampliação do mercado empresarial e desemprego. E por causa de tudo isso, vemos vidas serem ceifadas e famílias desestruturadas.

Enquanto tudo isso acontece com o povo de cá, o nortão e a capital se desenvolvem a todo vapor. Para lá são canalizados os grandes recursos e projetos de desenvolvimento. Muitos podem até caracterizar esse raciocínio como inveja, mas em se tratando de partilha do bolo econômico, estamos falando em desigualdade social e financeira por causa de atitudes errôneas na política.

Muitos dos poderosos comandantes de siglas partidárias nem conhecem as regiões Oeste e Sudoeste de Mato Grosso. Mas é de lá, de seu escritório ou gabinete em Cuiabá ou Brasília, que ditam os destinos do povo de cá e o que lhes é de merecimento. As ninharias vêm direcionadas para políticos A ou B dos municípios e eles fazem festa com isso, ou até causam intrigas com companheiros e amigos nas discussões de quem é “o pai da criança”.

Em muitos municípios de Mato Grosso, principalmente nos das regiões Oeste e Sudoeste, já não são a sociedade quem escolhe ou indica quem deve ser candidato a isso ou aquilo nas eleições. As pessoas que tem o desejo de disputar um cargo, principalmente ao Executivo Municipal, correm para Cuiabá ou Brasília pedir as bênçãos dos poderosos.

E muitas vezes adversários nos municípios se tornam aliados, porque é de interesse dos chefes dos partidos, que orientam para quais siglas eles devem seguir e se filiarem para posteriormente se coligarem para disputar “tais” cargos. Até os cargos muitas vezes são eles que escolhem.

E ainda tem gente que pergunta: porque eles fazem isso? Oras Bolas! Para manter seus projetos políticos de poder e de status social. Para serem paparicados pelos “políticos dos municípios” que vão de pires na mão implorar alguma coisa para dizerem ao povo que estão trabalhando. Perceberam que os políticos são sempre os mesmos? Pois é. E muitos não são por merecimento ou capacidade, mas por estratégias e manutenção de subalternos.

Quando eleitos muitos destes poderosos preenchem as vagas de empregos de seus gabinetes com indicados pelos políticos dos municípios que trabalharam pela sua eleição. Não analisam a capacidade técnica e intelectual das pessoas. Analisam o grau de submissão e cegueira política. Na verdade, é o cabresto jogado para novos pleitos futuros à custa de dinheiro público.

Na verdade os detentores de cargos estaduais e federais encabrestam os seus comandados para aglutinar votos do povo de uma determinada região ou município. E ao distribuírem as riquezas a que tem direito por ocasião do cargo no Estado ou no País, utilizam uma tabelinha de votos. Retiram cerca de 80% para a sua região na capital ou no nortão e os outros cerca de 20% distribuem ao restante do Estado em forma de votação recebida nos municípios; não em forma de necessidades.

E é desta forma que o município, a região, o estado e o país vão padecendo. A falta de líderes comprometidos com as causas do povo é enorme e está em expansão. Essa falta de lideranças verdadeiras vai levando o povo a sobreviver e não a se desenvolver como deveria ser de praxe. E a quem devemos culpar? Não sei. Essa deve ser uma pergunta que cada um de nós deve analisar e dar a resposta.
Luiz Carlos Bordin

por Luiz Carlos Bordin

é escritor, jornalista e produtor cultural, com formação em Serviço Social pela Unitins.
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