Artigos / Wilson Fuá

20/02/2019 - 09:12

Somos pedacinhos deixados em Cuiabá

              Depois desta terceira, ou quarta geração de cuiabanos, nos faz a viajar nesses 300 anos de história, e sentir como foi importante os nossos antepassados ter espalhados seus pedacinhos por toda parte desta querida Cuiabá, são tantos e tantos os pedaços, que não cabem num todo:

               Pedaços de livros, músicas e trabalhos de homens que lutaram e lutam pela nossa Cultura como: Rubens de Mendonça; Silva Freire; Mestre Albertino, Mestre Inácio, Moises Martins; Lenine Povoas, Liu Arruda, Bolinha, Roberto Lucialdo, Roberto França, Wilson Carlos Fuáh e tantos outros grandes cuiabanos não relacionados.

               Pedaços das festas religiosas: São Benedito, Senhor Divino e São João, saudades dos sabores e cheiros do Chá com Bolo após as missas, lembranças dos bailes das festas religiosas de Bélica e Juja, eram festas de fazer noite virar dia e dia virar noite.

              Pedaços de tristezas deixadas pelos que se foram e cabendo aos que ficaram a dor da saudade e pacto de dar continuidade as raízes fincadas nesta terra quente, onde mora a cultura dos descendentes das misturas de raças e sentimentos “amorenados” pela luz do sol e pelo falar manso dos caboclos ribeirinhos, que com o passar dos anos vão desparecendo pela mistura de sotaques, aqui: com som vindo das vozes como o “Orrrrrra Meu” - dos paulistas, “Barbaridade Tchê” – dos gaúchos; arre-égua, Vixe, Oxe e Eta – dos nordestinos. 

            Mas, pelas ruas e becos desta cidade, o falar manso e suave das vozes ainda podemos sentir a força da cuiabanidade, ainda pode-se ouvir como forma de espanto quando o cuiabano, diz: 'Vooootê;”  “Agora o que, que é esse" , "Mas, chá por deu"; ou " Levooou quem trouxe".

          Fica a certeza que somos a continuidade de gerações que chegaram por aqui e para aqueles que acabaram de chegar, saibam que os nossos antepassados também não eram daqui e vieram para ficar.

          Vocês que chegaram agora, e pretendem ficar para sempre, é só começar a esparramar seus pedacinhos por aqui, e logo-logo verão Cuiabá com os olhos da integração e serão transformados em plantadores de pedacinhos, pois esses pedacinhos (filhos e netos) farão de você, um quase cuiabano e a partir daí, sempre haverá alguma coisa de familiar por perto de você, de repente quando você menos esperar Cuiabá já faz parte da sua vida e a sua história estará misturada com a história de Cuiabá.

              Nesta terra de sentimentos fortes e com princípios culturais de hospitalidade, é legítima a atitude de dar um sorriso quando se recebe uma ofensa; abraçar como forma de amparo, quando o outro estiver transtornado e sem rumo, porque neste mundo, dar as mãos é um reconhecimento de que a amizade contínua e será eterna.
             Isto faz parte de nossa evolução espiritual, misturando a forma de convívio espontâneo e  naturalmente controlada pelo sentimento de aproximação.

             Na filosofia de vida do Ser Cuiabano, fica a certeza de que, não basta o desejo de ser feliz, mas sim, a necessidade de viver feliz.
Wilson Fuá

por Wilson Fuá

É Especialista em Recursos Humanos e Relações Políticas e Sociais
wilsonfua@gmail.com
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