Artigos / Eduardo Sortica

08/01/2018 - 14:06

O abandono da região de Vila Aparecida

Por algumas décadas convivemos em nossa região com uma situação de desconsideração e desrespeito com um povo que chegou ao limite da tolerância  – O povo  da região da morraria que abrange comunidades históricas dentre elas, Taquaral, Formiga, Chapadinha, Santana, Exú, Guanandi, Potreiro, Córrego Fundo, Lagoa da Onça, Onça Magra,  Cachoeirinha, Pindaival, Salobinha,  Saloba Grande,  Monjolinho, Novo Oriente,   e no centro de todas estas comunidades, o distrito de Vila Aparecida.

                 Não é de hoje que aquela região vem sendo abandonada, hostilizada e acima de tudo humilhada pela classe política de todas as esferas de governos, tanto do executivo como do legislativo por pelo menos uns 30 anos. Este fato, ao longo do tempo tem forçado o povo abandonar suas origens e a vocação produtiva para se aventurar através do êxodo rural indo para a cidade somar ao grupo daqueles que vivem na informalidade e desemprego, causou também a extinção de várias dessas comunidades, restando por ali apenas os vestígios de sua História.

                O patrocínio desse abandono na maioria das vezes se dá pelo desconhecimento por parte dos políticos tanto das próprias comunidades aqui elencadas, como da contribuição do contexto histórico em que a mesma se encontra frente ao desenvolvimento da cidade de Cáceres e do Estado de Mato Grosso, contribuição esta que se apresenta em vários aspectos, dentre eles o histórico, o cultural e econômico, já que fora importante fornecedora de alimentos à cidade por longo período, cuja produção agrícola, num passado recente, era transportada em lombo de animais, em batelões e canoas pelo Rio Paraguai.

                 Tal abandono, não tem outra razão e ou justificativa a não ser aquela em que o comprometimento da classe política esteja voltado no sentido de beneficiar e proteger setores da iniciativa privada, sendo que, para tanto, tenha que virar as costas para a região ao deixar de implementar políticas de investimento em estruturas essencialmente necessárias a sobrevivência, manutenção e acima de tudo a locomoção do povo.

                Por longos anos a história se repete, a população vê seu patrimônio esvair-se pela desvalorização, pelos gastos com locomoções e a dificuldade de comercialização da produção em virtude da ausência de pontes e estradas.

                É fato público e notório que ao longo dos anos a classe política desta terra se portou de forma passiva e na maioria das vezes impotente para lutar contra esse fato, vendo o progresso passar para outras bandas e assistir nos noticiários nacionais informações de que o Norte de Mato Grosso se transforma em um novo Sudeste Brasileiro, enquanto que nós aqui da região oeste, especialmente Cáceres como o maior município produtor de gado do Estado, se permite deixar a região tão importante nesse contexto relegada ao abandono na forma como se encontra. Uma pessoa que não for capaz de passar por uma pinguela não tem condições de sair daquela localidade imaginemos a que situação chegamos.

                De outro norte, vimos dias atrás uma mobilização da classe política estadual e municipal se gabando por aqui, pela construção da estrada de morrinho, trecho em que ali estão sendo investidos recursos federais, para beneficiar portos privados que ainda nem sequer tiveram as construções iniciadas, enquanto que do lado de cá, milhares de produtores entre grandes e pequenos perecem aa longos anos sem condições de vender o que já a de longo tempo vem produzindo.

                Reagir, essa é a palavra do momento, não dá para concordar com essa passividade e inútil cumplicidade. Não dá pra continuar olhando o progresso passar, continuar olhando  o governo estadual gastar milhões em publicidades e realizar caravanas pró-eleição com dinheiro público. Precisamos suscitar o resgate das lideranças políticas que por aqui temos e que não são cúmplices de tal sistema, precisamos suscitar o levante de novos políticos  consistentes em pessoas dispostas de forma urgente se apresentar a sociedade para fazer um enfrentamento tanto ao sistema como parte da classe política viciada em buscar vantagens de cunho pessoal sem qualquer preocupação com a História, a vida e acima de tudo a dignidade de um povo.   
Eduardo Sortica

por Eduardo Sortica

é advogado em Cáceres-MT
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2 comentários

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  • por Wellington Reis, em 09.01.2018 às 10:27

    Há 20 anos de 2 em 2 anos em epocas de eleicoes municipais e federais as promessas são imensas, e claro o asfalto vai sair como sempre foi prometido e nada feito (apenas um pequeno trecho pífivio e de qualidade péssima). É triste ver nossa regiao sem infra estrura para crescer, potencial tem só falta logistica melhor. Esse ano aspromessas serão as mesmas e nós vamos eleger os mesmos políticos, os velhos politicos? Parabéns pela materia Eduardo Sortica.

  • por Amarildo, em 08.01.2018 às 17:06

    ... FALOU TUDO DR. EDUARDO, ESPERO QUE OS USUÁRIOS E MORADORES DESTA TÃO SOFRIDA REGIÃO NÃO CAIAM NA CONVERSA DE NOVO DOS POLITIQUEIROS DE PLANTÃO. 2018 É ANO DE ELEIÇÃO.

 
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