Artigos / Dirceu Cardoso Gonçalves

31/08/2017 - 10:18

O Brasil, o Haiti e a África

               Termina nesta quinta-feira – 31 de agosto – a tarefa das tropas brasileiras que comandaram a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti. Presente naquele país caribenho desde 2004, o Brasil ali empregou 37 mil militares ao longo desses 13 anos e investiu R$ 2,5 bilhões, dos quais a ONU (Organização das Nações Unidas) reembolsou R$ 930 mil. Segundo general Ajax Porto Pinheiro, atual comandante da tropa, o Haiti de hoje é melhor do que quando os brasileiros lá chegaram, mas para alcançar a almejada estabilidade precisa receber ações de recuperação econômica e social, algo como o Plano Marshall, que reconstruiu a Europa após a 2ª Guerra Mundial. O ultimo contingente brasileiro lá presente é de 950 militares, que começarão a voltar nos próximos dias.
           
    A chegada dos brasileiros ao Haiti deu-se num momento em que o governo petista, iniciando sua trajetória, tentava vender ao mundo a imagem do Brasil como potência emergente, e o presidente alimentava o sonho megalomaníaco de se tornar secretário-geral da ONU após sua saída do governo. É certo que a presença brasileira beneficiou os haitianos. Questiona-se, no entanto, os gastos que lá tivemos ao mesmo tempo em que o governo brasileiro atrasava aluguéis, negligenciava materiais de trabalho e até contas de consumo nas embaixadas e consulados ao redor do mundo, e dava o calote no pagamento de suas contribuições aos organismos internacionais, inclusive a própria ONU. Também soa estranho irmos cuidar da segurança pública de outro país – ainda que em guerra – quando vivemos internamente o caos.

               Anuncia-se agora que, depois da saída do Haiti, os militares brasileiros serão enviados à República Centro-Africana. Na situação de profunda crise econômica e de absoluta insegurança pública potencializada pelo crime organizado, que pode ser comparada ao terrorismo em alguns pontos do território nacional, melhor seria que nossos militares e o dinheiro que se gastaria para mantê-los em missão internacional, fossem empregados para s solução dos problemas internos. Até porque, se não o fizermos, talvez, um dia, sejamos obrigados a em vez de ajudar os outros países, enfrentarmos a humilhação de pedir à ONU que envie tropas internacionais para controlar a nossa ordem interna.  Nada contra colaborar com os menos afortunados. Porém, isso só deve ser feito quando estamos com os nossos compromissos rigorosamente cumpridos...
 
Dirceu Cardoso Gonçalves

por Dirceu Cardoso Gonçalves

Tenente – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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